Assinala-se esta sexta-feira, 17 de novembro, o Dia Mundial da Prematuridade, data que tem como objetivo aumentar a consciencialização para os nascimentos prematuros, mortes e sequelas devidas à prematuridade, promovida pela EFCNI – European Foundation for the Care of Newborn, uma plataforma criada em abril de 2008, a nível europeu, constituída por pais e profissionais de saúde, com o propósito de dar voz aos recém-nascidos prematuros, bem como às suas famílias.
O nascimento prematuro é definido, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o nascimento antes de 37 semanas completas de gestação. Atualmente, acontece com mais de 10% dos 130 milhões de bebés em todo o mundo e 5 a 12% dos 5 milhões de bebés europeus.” (EFCNI, 2019, Factsheet Preterm Birth).
Os bebés prematuros ou pré-termo podem ser classificados quanto à idade gestacional e peso com que nascem, sendo a morbilidade neonatal tanto maior quanto mais prematuro ou mais leve é o bebé. Assim, a prematuridade “extrema” engloba os bebés abaixo das 28 semanas de gestação, a “grande” prematuridade, aqueles que nascem com menos de 32 semanas, e são considerados pré-termos “moderados” ou “tardios” os que nascem, respetivamente, entre as 32-33 semanas e entre as 34-36 semanas. São de “extremo baixo peso” os bebés que nascem com menos de 1000 gramas (g), de “muito baixo peso” com menos de 1500 g, e de “baixo peso” entre os 1500-2500 g.
A intervenção da Fisioterapia na Prematuridade
A vulnerabilidade destes bebés, pelas caraterísticas inerentes à sua prematuridade bem como a imaturidade dos sistemas orgânicos, leva a prever algumas complicações e exige uma vigilância apertada do seu desenvolvimento, não só, mas particularmente no caso dos prematuros extremos, pelo risco acrescido de sequelas associadas à sua condição. A intervenção da Fisioterapia nesta população tem demonstrado benefícios, devendo ser iniciada precocemente, ainda durante o internamento na UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais).
A exigência dos primeiros tempos de vida e as experiências antecipadas devem ser cuidadosamente observadas pelo(a) Fisioterapeuta, de forma a melhor estruturar a sua abordagem, com o objetivo de promover o típico desenvolvimento do bebé, contribuindo para o seu desenvolvimento neuromotor e minimizar ou mesmo evitar sequelas graves.
A prematuridade é a causa reconhecida de sequelas major, como a paralisia cerebral, défice cognitivo e alterações neurossensoriais moderadas a graves. Durante o internamento, os posicionamentos e os cuidados neuroprotetores são exemplos da intervenção da Fisioterapia e desempenham um papel fundamental na sua prevenção ou minimização. Também a condição respiratória é afetada nesta população, com a doença das membranas hialinas (doença típica da imaturidade pulmonar), e a sua evolução para displasia broncopulmonar e doença pulmonar crónica.
Da neonatologia para casa e de casa para o mundo, o(a) Fisioterapeuta é o profissional de saúde a ter como companheiro dos primeiros meses/anos de vida dos bebés prematuros e da sua família. É, assim, fundamental no estabelecimento de um plano de acompanhamento interdisciplinar após a alta hospitalar, onde devem ser incluídas a avaliação do estado neurológico do bebé, o seu desenvolvimento motor, comportamental, cognitivo e da linguagem, para que se possam identificar precocemente sinais de alerta e intervir atempadamente no sentido de minimizar ou prevenir sequelas.
Aos Fisioterapeutas cabe também o papel de educador, já que a orientação da família é peça-chave para o sucesso da sua intervenção. As múltiplas atividades do dia a dia são oportunidades únicas para que a tríade pai-mãe-bebé possa aprofundar as relações e potenciar o desenvolvimento do bebé. A abordagem dos Fisioterapeutas pretende que sejam pais mais bem equipados, com ferramentas promotoras de um desenvolvimento mais harmonioso dos seus «pequenos guerreiros», termo muitas vezes utilizado para descrever esta população e que remete para a capacidade de resiliência dos bebés prematuros.