O Programa SPLIT, um modelo inovador de referenciação para tratamento de Fisioterapia para utentes com lombalgia (LG), foi aprovado para integrar a 1ª fase do Pacto Saúde Sustentável (PaSSuS) 2030, que é assinado publicamente esta quarta-feira.
A submissão apresentada pela Ordem dos Fisioterapeutas mereceu aprovação e é assinalada no Centro Ismaili de Lisboa da Fundação Aga Khan, num evento de lançamento que marca o início do processo de implementação do Plano Nacional de Saúde (PNS) 2030, e que conta com a representação da 2ª Vice-Presidente da Direção, Conceição Bettencourt, e do Coordenador do Gabinete de Estudos e Planeamento da Ordem dos Fisioterapeutas e investigador responsável do Programa SPLIT, Eduardo Cruz.
A Ordem dos Fisioterapeutas já integra a Comissão de Acompanhamento do PNS desde abril de 2022 e torna-se igualmente uma das entidades do PaSSuS 2030, que participarão num processo de monitorização e avaliação, sob coordenação técnica da Direção-Geral da Saúde/PNS, das ações que se comprometem a implementar.
Programa SPLIT: uma oportunidade para inovar nos cuidados de saúde primários
Com o objetivo de melhorar a qualidade, resultados clínicos e custo-utilidade dos cuidados prestados às pessoas com lombalgia (LG) que recorrem aos cuidados de saúde primários, foi desenvolvido e implementado, ao nível do Agrupamento de Centros de Saúde da Arrábida – ARSLVT, o programa SPLIT.
Trata-se de um programa de cuidados estratificados que sugere, após a primeira consulta com o Médico de Medicina Geral e Familiar, a referenciação precoce dos utentes com LG para o Fisioterapeuta, que aplica o programa de intervenção e monitoriza o utente de acordo com o seu risco para o desenvolvimento de LG persistente e incapacitante.
Em termos de resultados, numa amostra de cerca de 500 utentes recrutados, este programa permitiu reduzir em cerca de 80% a probabilidade de os utentes apresentarem LG persistente e incapacitante, 6 meses após a consulta inicial, e comparativamente à prática usual descrita previamente.
Também ao nível da prescrição de meios complementares de diagnóstico e medicação, este programa permitiu reduzir em cerca de 30% cada um dos indicadores.
A lombalgia (LG) é uma condição de saúde comum e cuja gestão representa um desafio para o sistema de saúde português. Por provocar uma elevada e persistente incapacidade crónica, sobretudo nas pessoas que estão em idade laboral ativa, a LG está frequentemente associada a perdas de produtividade, absentismo laboral, reformas antecipadas e consumo de recursos de saúde. Para além de ser a principal causa de incapacidade, é também um dos principais motivos de consulta nos cuidados de saúde primários (CSP). De forma preocupante, estima-se que a prevalência e o impacto da LG continuem a crescer nos próximos anos.
O Programa SPLIT passa agora a integrar a 1ª fase do Pacto Saúde Sustentável 2030 e o início do processo de implementação do Plano Nacional de Saúde 2030, um processo colaborativo que orienta e influencia as políticas públicas, propondo-se que seja aplicado a outras unidades de saúde que já tenham Fisioterapeutas integrados.
A Ordem dos Fisioterapeutas congratula-se com a possibilidade e responsabilidade de participar na construção do PNS 2030, considerando a “Saúde Sustentável: de Tod@s para Tod@s” determinante para a valorização da Fisioterapia e dos Fisioterapeutas, enquanto atores de saúde.