Procurar
Fechar esta caixa de pesquisa.

Dia Mundial da Prevenção de Quedas: Ordem apela ao aumento de programas orientados por Fisioterapeutas

Criado pela Organização Mundial da Saúde para alertar sobre os riscos das quedas, assinala-se hoje, 24 de junho, o Dia Mundial da Prevenção de Quedas.

A Ordem dos Fisioterapeutas responde a algumas questões sobre uma das principais causas de morte acidental a nível mundial, com o contributo da Fisioterapeuta Maria Teresa Tomás, doutorada em Atividade Física e Saúde.

Como prevenir algo que é imprevisível?

Fisioterapeuta Maria Teresa Tomás – As quedas são vulgarmente definidas como “cair inadvertidamente ou não intencionalmente no chão, ou outro nível inferior, excluindo mudança intencional de posição para descansar” (WHO, 2007) e têm classificação própria na Classificação Internacional da Doença.

Cerca de 28-35% dos indivíduos com mais de 65 anos cai pelo menos uma vez por ano e se considerarmos os indivíduos com 70 ou mais anos a frequência sobe para os 32-42%, sendo a causa de aproximadamente 40% das mortes por lesão ou trauma (WHO, 2007).

De entre os síndromas geriátricos, (incapacidade cognitiva, incontinência, instabilidade postural, imobilidade e insuficiência familiar), a instabilidade postural é o maior responsável pelo risco de quedas que implicam custos a diferentes níveis (físicos, funcionais, sociais, financeiros), tanto para o indivíduo mais velho como para os seus familiares e /ou cuidadores e para a sociedade.

Quais são os fatores de risco que potenciam as quedas?

Fisioterapeuta Maria Teresa Tomás – Sendo a queda algo que é potencialmente imprevisível, importa conhecer e reduzir ou eliminar os fatores de risco conhecidos envolvidos no mecanismo de queda. Estes fatores de risco podem ser agrupados em fatores de risco intrínsecos: demência, disfunção vestibular, neuropatia periférica, hipotensão ortostática, polimedicação (cinco ou mais fármacos) e tipo de medicação (psicotrópicos), diminuição da acuidade visual, doenças crónicas (ex: osteoartrose, história de AVC, anemia,  etc); fatores de risco extrínsecos e/ou de interface: obstáculos no meio ambiente exterior (ex: passeios ou asfalto com alterações) ou interior (móveis, tapetes não aderentes, animais de estimação, chão escorregadio, iluminação insuficiente), tipo de calçado utilizado, restrições físicas, tipo de atividade desenvolvida (ex: subir a armários, etc), fatores de risco pessoais: idade >80 anos, alterações da marcha e do equilíbrio, depressão; deterioração cognitiva, fraqueza muscular (sarcopénia), género feminino, dependência em atividades da vida diária, falta de exercício.

Como é que a Fisioterapia pode ajudar, quer na prevenção, quer na reabilitação?

Fisioterapeuta Maria Teresa Tomás – a intervenção multidisciplinar, onde o fisioterapeuta é imprescindível, implica ao nível da prevenção ou reabilitação de status pós-queda:

  • Educação para a maior capacitação do indivíduo ou dos seus cuidadores na gestão do processo de prevenção de quedas e/ou reabilitação (maior literacia em saúde, conhecimento de todos os fatores envolvidos). Ensino dos indivíduos e/ou seus cuidadores de exercícios no domicílio (home-based exercise programms)
  • Aumento dos níveis de atividade física e especificamente Programas de Exercício para aumento da força e da qualidade muscular, aumento da capacidade aeróbia e aumento da flexibilidade e do equilíbrio com maior ou menor autonomia, supervisionados, ou de cariz domiciliário. São exemplos os programas de marcha, de marcha nórdica, programas de Pilates, Tai-Chi, ioga entre muitos outros desde que a sua implementação seja direcionada para as limitações ou alterações funcionais de cada indivíduo
  • Redução/Otimização terapêutica
  • Correção de déficits sensoriais (auditivos, visuais, propriocepção, etc)
  • Tratamento de hipotensão ortostática
  • Tratamento de doenças crónicas
  • Suplementação com Vitamina D
  • Correção de fatores risco ambientais

O fisioterapeuta, para além de uma avaliação completa, deve intervir ao nível de quase todos os aspetos acima descritos, com especial destaque para a educação, exercício e correção de fatores ambientais bem como melhoria na gestão funcional das doenças crónicas associadas, otimizando a capacidade funcional do individuo mais velho, no seio de uma equipa multidisciplinar. Programas de exercício físico direcionado para as particularidades clínicas e funcionais de cada individuo, particularmente se associado a intervenção multidisciplinar direcionada, associaram-se a mais baixo risco de quedas com lesão, quando comparado com intervenção usual. Programas de marcha, e particularmente programas de marcha nórdica, foram também associados a maiores níveis de autonomia e de força muscular, e melhor estabilidade postural, sendo estes programas de cariz comunitário de baixo impacto financeiro e baixa a moderada intensidade, bem tolerados por esta população, com maiores níveis de adesão e com melhores resultados.

Facebook
LinkedIn
Email

Pedro Maciel Barbosa

Fisioterapeuta-especialista na Unidade Local de Saúde de Matosinhos Sub-coordenador para os Cuidados de Saúde Primário, Unidade Local de Saúde de Matosinhos Professor Adjunto-Convidado na Escola Superior de Saúde do Porto Membro do Conselho de Administração da Fundação para a Saúde – SNS Membro do Conselho Geral da Ordem dos Fisioterapeutas

Carlos Areia

Carlos Areia é fisioterapeuta desde 2013, e trabalhou em vários hospitais, clínicas e clubes tanto em Portugal como no Reino Unido. Iniciou a sua carreira académica na Universidade de Oxford em 2016, onde liderou um ensaio clínico a comparar Fisioterapia VS cirurgia em lesões do cruzado anterior em 32 hospitais de Inglaterra. Em 2018 mudou-se para o departamento de neurociências, onde desenvolveu os seus próprios estudos em monitorização remota de sinais vitais, que foram implementados durante a pandemia. Aqui descobriu a sua paixão pelos dados, e em 2022, juntou-se à Digital Science como Data Scientist. Concluiu o seu PhD no início deste ano, e junta mais de 60 publicações em revistas como a The Lancet, BMJ, Cochrane, entre outras. É também palestrante honorário na Oxford Brookes University e consultor em investigação clínica.

Eduardo José Brazete Carvalho Cruz

Doutorado em Fisioterapia, pela Universidade de Brighton, UK. Pós-Doutoramento na especialidade de Epidemiologia pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.
Coordenador do Gabinete de Estudos e Planeamento da Ordem dos Fisioterapeutas. Professor Coordenador do Departamento de Fisioterapia da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal (ESS-IPS). Presidente do Conselho Técnico-Científico da ESS-IPS. Coordenador do Departamento de Fisioterapia da ESS-IPS. Investigador Integrado do Comprehensive Health Research Centre (CHRC) (parceria FCM-UNL, Escola Nacional de Saúde Publica, Universidade de Évora, Lisbon Institute of Global Mental Health e Hospital do Santo Espírito, Ilha Terceira, Açores).

Sara Souto Miranda

Sara Souto Miranda é licenciada e mestre em fisioterapia pela Universidade de Aveiro, e detentora de pós-graduação em fisioterapia respiratória do adulto certificada pela mesma instituição. Completou em 2023 o seu doutoramento duplo em Ciências da Reabilitação/Saúde, Medicina e Ciências da Vida pelas Universidades de Aveiro e Maastricht (Países Baixos) e encontra-se atualmente a exercer funções como assessora técnico-científica do Gabinete de Estudos e Planeamento (GEP) da Ordem dos Fisioterapeutas, e como professora convidada do Instituto Piaget de Vila Nova de Gaia. Enquanto membro do Laboratório de Investigação e Reabilitação Respiratória da Universidade de Aveiro (Lab3R), exerceu atividade de investigação aplicada onde avaliou e tratou doentes com patologia respiratória, tendo participado em 6 projetos de investigação. Ao longo do seu percurso publicou 19 artigos científicos em revistas internacionais revistas pelos pares com fator de impacto, 1 capítulo de livro, e mais de 50 resumos em atas de conferências. Foi voluntária de investigação no centro de reabilitação Ciro (Center for expertise in chronic organ failure) nos Países Baixos, e é atualmente membro da Guideline Methodology Network da European Respiratory Society. Foi distinguida pela European Lung Foundation e European Respiratory Society por desenvolver investigação centrada no doente, pela Direção Geral de Ensino Superior com uma bolsa de mérito relativa ao seu mestrado, e pelo centro Ciro com uma bolsa destinada ao apoio à investigação no estrangeiro.

Este site utiliza cookies para permitir uma melhor experiência por parte do utilizador.
Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização.